segunda-feira, 29 de agosto de 2022

4. Mevial chega à Vida

 


O momento em que Mevial se atirou da glória celeste para o seu teste na Terra foi realmente marcante. Sem dar nem tempo para perceber, viu-se longe do céu e agora, sem ter mais a visão de tudo à sua volta, estava num lugar escuro, pequeno, apertado e molhado. Surpreendia-se com todas aquelas sensações proporcionadas pelos sentidos da matéria.

Em sua memória, ainda restavam flashes de um céu, de uma glória, de um imenso exército celestial adorando o Soberano. Mas, aos poucos, estes flashes ficavam mais e mais apagados, tornando-se vislumbres distantes, até desaparecerem por completo.

Neste exato momento, em que todas estas lembranças e imagens apagavam-se de seu ser, passou a sentir coisas diferentes. Não mais lembrava das batidas dos instrumentos de percussão do céu, mas passou a sentir, dentro de si, uma batida ritmada que, não sabia ele naquele momento, mas o acompanharia por toda sua vida. Neste exato momento em que todas as lembranças da eternidade, após 3 ciclos de 7 dias foram apagadas da sua memória, neste exato momento passou a sentir uma batida ritmada, dentro de si, como se fosse, realmente, um compasso de ritmo que o acompanharia. Seu coração, na formação de sua vida na matéria, começara a funcionar. Passara a ter então sensações que antes jamais havia sentido: molhado por fora, quente e aconchegante por dentro, passou a viver as sensações de estar num corpo físico. Limitado em diversos aspectos, mas com novas e diferentes sensações, que nunca sentira, possíveis apenas com a ajuda da matéria.

Começou a tentar entender e desvendar o que era aquilo tudo. Nunca havia estado em um corpo material. Também não se lembrava mais do que era ser um ente celestial, eterno e vivendo as glórias do céu. Agora precisava decifrar o que significava aquela nova realidade.

Aos poucos, à medida que se formava esse corpo, ainda informe, que nem ossos tinham ainda, ia percebendo e descobrindo novas e incríveis sensações. Em pouco tempo, após sentir o ritmo da batida do seu coração, o líquido na sua pele, o calor circulando dentro de si, passou também a poder mexer membros e tocar o pequeno mundo ao seu redor.

Pensou, neste momento que tinha uma vida para viver ali e que precisava explorá-la para entender tudo o que estava acontecendo. À medida que o tempo passava, um turbilhão de sensações e emoções se acumulavam dentro de si. Sons chegavam até ele, vindo de algum lugar desconhecido e, aparentemente distante. Juntaram-se ao ritmo de suas batidas, agora melodias e harmonias, palavras e sussurros, os quais ele não entendia nem sabia o que significavam, mas que os podia sentir e perceber. Sabia que vinham de um lugar distante, mas não sabia de onde.

Começou também a perceber que podia tocar o mundo ao seu redor. E, percebendo isso, em algum momento tocou sua própria perna, percebendo que podia interagir consigo mesmo. Iam-se formando seus membros, capacidades de sentir, ouvir. Passou a poder enxergar brilho com novos instrumentos que ficavam à frente de seu rosto e também poder ingerir líquido através do orifício que seria sua boca.

À medida que se formava, preparando-se para uma outra fase, quando veria a luz externa e poderia interagir com outros seres, pensava ele que aquela vida que tinha naquele pequeno local era tudo o que lhe aguardava nesta nova experiência. Procurava entender como usar seus braços, pernas, mãos e pés. Procurava distinguir sons e imagens, mas tudo era bastante indefinido e opaco. Pensava consigo mesmo: que vida interessante. Preciso aprender a usar melhor todos estes instrumentos, porque não me dão muitas informações. Pensou que talvez estivesse usando todas as suas qualidades e capacidades da forma errada.

E crescia. Como crescia rápido. Em um período de 9 meses atingiu um tamanho milhões de vezes maior do que quando iniciou esta jornada. Junto com este estrondoso e célere crescimento, vieram muitos aprendizados, para que seu novo corpo pudesse realizar todas as tarefas necessárias.

Lames, seu amigo que agora estava acompanhando ele de perto, observando toda esta desenvoltura, não podia deixar de se maravilhar e perceber como o Soberano havia sido pródigo em fornecer recursos, experiência, dons e tantos presentes para que seus companheiros pudessem passar por este teste. Mesmo com a dureza do teste, Lames extasiou-se em ver a bondade e misericórdia do Soberano em proporcionar aos humanos tamanha gama de possibilidades e experiências, para que pudessem escolher seu caminho e retornar à original habitação. Pena que muitos humanos demorassem tanto para perceber a grandiosidade disso que o Soberano lhes havia dado: a VIDA. E outros sequer perceberiam isso, mesmo vivendo toda a esta vida, por muito tempo.

Mevial não sabia que aquele era um momento de preparo para uma nova fase de sua vida. Pensou que era ali, naquele lugar, o destino final de toda sua existência. Que teria de usar todos os seus membros naquele pequeno espaço. Mas, à medida que crescia não conseguia mais esticar os braços. Passaram a ficar encolhidos. Apertados. Às vezes, quando tentava um pouco mais e forçava os limites da sua habitação, sentia que vinha uma repreensão vinda de fora, como que ordenando que parasse de tentar se esticar.

Então, por um momento, parava.

Mas o espaço estava ficando realmente pequeno. E ele não mais conseguia ficar ali. Não adiantava tentar expandir o tamanho desta sua habitação porque, aparentemente, ela não aumentaria mais, apesar de todas as suas tentativas. Começou a ficar um tanto sufocado e pensar que era hora de sair dali, que naquele espaço não havia mais espaço para ele.

Então, num momento em que buscava esticar-se, encontrar a saída, percebeu que sua própria habitação o empurrava para fora.

Pensou consigo mesmo: “eles querem me expulsar daqui”.

E, não só queriam, mas faziam força para que ele saísse.

Finalmente, embora ele pensasse que aquele seria o local de sua vivência, que tudo viveria dentro daquele pequeno espaço, percebeu que era apenas um local de transição, de passagem. De preparo. Não era definitivo.

Então saiu. Ou melhor, foi empurrado para fora.

Viu a luz sem a opacidade de antes, mas brilhante e clara. Ouviu sons nítidos e altos. Sentiu o toque na sua pele, muito mais intenso do que sentia antes.

Sentiu o ar enchendo seus pulmões. E chorou.

Agora sim, estava no local onde viveria sua vida, o local definitivo. Tinha muito mais luz, muitos outros seres, um espaço que parecia infinito ao seu redor.

Mas perceberia, embora demorasse mais do que os 9 meses do tempo vivido no espaço anterior, que essa nova vida também não seria definitiva.

Era transitória. Uma passagem. Perceberia depois que havia ainda um outro lugar depois disso. Esse sim eterno, ilimitado, infinito, glorioso. Mas isso demoraria um pouco para perceber.

No momento, importava apenas o fato de iniciar esta nova jornada.

Tinha nascido. Tinha vindo à luz. E iniciaria uma aventura sem precedentes.


Lucas Durigon


Esta  é uma obra de ficção. Iniciada em 07/08/22.

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segunda-feira, 22 de agosto de 2022

3. O Decreto do Soberano

 


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Aquele momento em que Lúcifer convidou a todos para seguirem-no já era conhecido do soberano, que é onisciente em todo o tempo. Era um momento crucial na história da criação. Mas era igualmente necessário para que todos os seres celestes soubessem quem era quem. Para que conhecessem a si mesmos, muitos surpresos com a própria atitude.

O soberano precisava permitir que eles fossem seduzidos por Lúcifer para que tomassem uma posição pelas suas atitudes e pudessem realmente demonstrar quem eram e a que sua mente e coração estavam inclinados. O Soberano não desejou que Lúcifer fizesse isso. Mas, quando ele começou a mostrar-se desejoso de tomar a posição do Soberano, este não o impediu, pois era a primeira vez que alguém pensava em fazer algo diferente, e precisava ter a liberdade de fazer para revelar o conteúdo do seu coração e ainda dar a oportunidade de outros fazerem o mesmo, mostrando o que pensavam.

O teste nos céus era necessário porque, antes, nunca haviam tido de escolher entre um e outro lado, uma e outra situação. A presença da glória e o amor do Soberano tinham sido unânimes e plenos até aquele momento. Nunca um ser da criação, anjo, querubim ou serafim havia sido questionado ou testado em sua fidelidade e lealdade. Viviam ali, sempre na glória, sem qualquer sombra de variação da situação desde que haviam sido criados.

Mas o soberano sabia que no íntimo de muitos deles, suas atitudes não condiziam com seus pensamentos. E precisava permitir que fossem provados, para demonstrarem o que era real em seu íntimo. O Soberano desejava ser adorado com liberdade. Não por imposição que alguns pudessem sequer pensar em existir. O que não existia.

Então, baseado nisso, o soberano declarou, dirigindo-se primeiro aos anjos que permaneceram fieis. O Soberano criador lhes disse:

– A Miguel e a todos os seres celestiais que se posicionaram para defender meu trono, saibam que sua posição e natureza serão mantidas e fortalecidas. Habitarão comigo nas moradas celestiais eternamente, desfrutando, desde já e para sempre de todas as delícias aqui disponíveis e ainda a vocês será conferida uma tarefa especial, de máxima confiança, que desempenharão para o bem do meu Reino e destino de toda criação.

Dirigindo-se, então, ao grupo rebelde, disse o Soberano, com voz suave, mas firme e penetrante, contra a qual não haveria argumentos:

– Como ousaste, Lúcifer, a desafiar meu trono e meu poder?! Não sabes que não lhe seria permitido tomar meu trono, mesmo que todos os seres celestiais escolhessem estar do seu lado? Não saber que, pelo meu poder, assim como foste criado, eu poderia aniquilar sua existência com um sopro e a de todos aqui, apenas por um decreto. E poderia fazer isso agora mesmo, com todo seu grupo, que demonstrou não serem leais a mim. Por sua obstinada e tola atitude, crio agora um destino de dores para você e todos aqueles que se decidiram a seguir-te. Um lugar de trevas e de ausência total da minha presença, do amor. Mas não serás para lá destinado imediatamente. Seu destino já está determinado. Mas ainda poderás tentar convencer aqueles que hesitaram perante seu sedutor discurso. Terás uma chance de persuadi-los novamente, durante o teste a que vou submetê-los. Ao final deste teste, de 7 mil anos, terás sua condenação aplicada ao seu destino, juntamente com todos os que já te seguiram e com aqueles que irão decidir seguir-te, durante o teste a que serão submetidos.

E então, dirigindo-se ao terceiro grupo, onde se encontrava Mevial, àqueles que não havia sido determinados em sua decisão, mas haviam hesitado na escolha, a estes o Soberano disse:

– Após viverem uma porção da eternidade ao meu lado, com todas estas bênçãos à sua disposição aqui no Reino Celestial, não havia motivo para ficarem com dúvidas quanto ao convite de Lúcifer. Deveriam ter tido uma decisão, de seguir sua sedução ou de manterem-se fieis a mim e ao meu Reinado. Mas hesitaram, não foram decididos na sua escolha. Não vou condená-los imediatamente. Mas também não retornarão à sua posição anterior. Antes, passarão por um teste, onde terão uma oportunidade de provarem sua fidelidade ou de escolherem seguir à sedução daquele que se levantou para desafiar meu trono. Já que hesitaram, darei a vocês uma chance de escolha, onde possam experimentar o outro lado, onde possam sentir a ausência da minha presença plena e decidir se desejam realmente separar-se de mim definitivamente. Desejo, pelo meu amor, que escolham voltar para mim. Mas precisam provar, após esta hesitação com que hesitaram neste crucial momento da criação, e por causa da justiça, precisam provar que realmente querem estar na minha presença. Provar para si mesmos, para os outros companheiros da criação e para mim.

E então todos ficaram observando e aguardando as próximas ordens do soberano, querendo saber de que se tratava este teste de que falara. Todos os 3 grupos queriam saber do que se tratava. Mas o mais interessado era a terça parte dos anjos cujo destino agora era participar deste teste, novo e desconhecido. Para eles, o decreto não era ainda definitivo.

Aguardaram então as próximas ordens do soberano.


Lucas Durigon


Esta  é uma obra de ficção. Iniciada em 07/08/22.

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segunda-feira, 15 de agosto de 2022

2. Os amigos Mevial e Lames

 


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A partir do momento que Mevial habitou o corpo daquela criança durante a gestação, o anjo Lames já se posicionou perto, a fim de proteger esta criança. Afinal, nesta fase, todos eram muito vulneráveis. Lames seria o anjo que o acompanharia e ajudaria em suas atividades e ações que levariam Mevial a conquistar novamente seu ingresso para voltar a morar no céu. Durante a fase mais vulnerável, o anjo Lames daria uma especial atenção ao seu amigo, que agora era uma criança humana, primeiro no ventre da mãe, depois fora. Mas ainda vulnerável.

Durante este período, Lames estaria muito atento para proteger seu amigo de milênios, agora nascido, no ventre de uma mãe, e durante todo o tempo em que este fosse uma criança, a presença do anjo, seu amigo, seria de grande ajuda. E necessária.

Lá no céu, ambos os anjos, Mevial e Lames sempre foram muito companheiros e próximos, nas atividades que lhes eram designadas, algumas delas pelo próprio Lúcifer, que era um querubim ungido, mas veio a se tornar o Perverso.

Durante centenas de milênios, adoraram a Deus lado a lado no coral angelical, sempre felizes por poder estar na presença do soberano criador. Somente estar no céu, adorando ao eterno, era suficiente para preencher o íntimo deles de alegria plena e indescritível. O que era impossível descrever era vivida de forma real e plena, alegria sentida dentro do seu ser, sem qualquer resquício de dor ou tristeza, sem qualquer possibilidade de explicação, pois não se curva à razão, mas sim à eternidade do amoroso criador.

Eles não explicavam. Experimentavam.

Viviam toda aquela plenitude de paz e alegria.

Durante milênios, os anjos viviam todos juntos, alegres e plenos de gozo no céu, adorando a Deus com todo o seu ser com melodias literalmente angelicais. Regozijavam-se em companhia uns dos outros e do criador. Juntos de todos, estavam os amigos Mevial e Lames. Eram inseparáveis e estavam sempre juntos, convivendo com os outros seres da criação de Deus, os Serafins, Querubins, Arcanjos em número incontável.

Tudo ia muito bem.

Tudo seguiu em paz por milênios, centenas de milênios, até que um querubim ungido, integrante do séquito mais próximo do Soberano, resolveu se rebelar. Era um anjo cheio de luz, tanta luz que seu próprio nome era Lúcifer. Ele se levantou e rebelou-se contra o Soberano, desejando tomar o seu lugar no trono celestial. Mas não era só isso. Ele não queria apenas se rebelar. Para tomar o lugar do trono de Deus, desejava que todos os outros anjos, de toda habitação celeste, lhe seguissem, pois queria ser adorado por toda a criação de Deus, recebendo no lugar Deus, a adoração que era devida somente ao Eterno trino e soberano.

Para isso, Lúcifer precisava seduzir e convencer os outros anjos a lhe seguirem, a lhe obedecerem. E ele se levantou para fazer isso.

Junto com as hordas celestiais, Mevial e Lames se lembram do momento que testemunharam, em que Lúcifer se levantou no meio da assembleia dos anjos e, com um discurso sedutor, convidou a todos para lhe seguirem, em rebelião ao Soberano e Eterno Deus, a fim de lhe tomar o lugar do trono. Prometeu aos anjos posições e honras, se o seguissem. Esperava ter todos os anjos ao seu lado. Mas nem tudo saiu conforme Lúcifer havia planejado.

Ao final do discurso, ambos, Mevial e Lames estavam atentos aos acontecimentos, assim como todo séquito celestial e, quando Lúcifer finalmente fez seu convite, após seu convincente discurso, para que todos lhe seguissem, o arcanjo Miguel imediatamente liderou a defesa dos anjos contra a horda dos rebeldes, e convocou igualmente aos anjos para combaterem Lúcifer, o que um terço deles seguiu imediatamente, sem qualquer hesitação, levantando suas espadas no mesmo momento que outro terço dos anjos faziam o mesmo, mas para se colocar ao lado de Lúcifer.

Nesse momento pequeno da existência da criação, neste pequeno lapso da eternidade que não durou mais do que uma fração de segundo, e não havendo limitações materiais, um grupo imediatamente se encontrou ao lado de Lúcifer, brandindo suas espadas, e dizendo que tomariam o trono ao Soberano. Outro grupo, juntamente com Miguel, em nome do eterno, juravam defender seu trono dos usurpadores, colocando-se imediatamente em posição de guerra para cumprir tal propósito, unidos como um exército, em oposição ao primeiro grupo. Da mesma forma, viram-se instantaneamente juntos num grupo oposto ao outro.

Durante este episódio, que durou apenas o necessário para levantarem suas espadas, Mevial percebeu que Lames não estava mais ao seu lado. Olhou mais longe e percebeu que seu amigo Lames, ao lado de Miguel, com sua espada na mão, juntava-se ao grupo dos anjos que permaneceram, sem qualquer hesitação, ao lado dos fieis.

Não durou nada esta percepção de Mevial e, quando, ao ver seu amigo Lames no grupo dos anjos fieis, resolveu retirar sua espada da bainha, a fim de se juntar ao amigo, percebeu que ela não mais estava lá. Aquela hesitação de fração de segundo em decidir o que fazer, fazia com que sua resolução já fosse tardia. Sua espada havia sido confiscada pelo Soberano no mesmo instante de hesitação de Mevial, bem como de todos os que, como ele, hesitaram ao convite de Lúcifer. Naquele átimo de tempo em que parou para pensar o que fazer, ele estava já num terceiro grupo, sem nem perceber que ou quem o havia levado para ali ou havia tirado sua espada.

Na verdade, não precisava dela, no momento. Espadas são para guerreiros determinados. Não era seu caso. E nem deste grupo de um terço de anjos que havia hesitado ante o convite de Lúcifer.

Neste momento, um terço dos anjos imediatamente decidiu-se a guerrear ao lado de Lúcifer e defender sua causa. Outro terço deles, também de forma firme e convicta, imediatamente desembainharam suas espadas para defender o trono do soberano. Ambos os grupos decididos, para um ou outro lado, usaram imediatamente de suas espadas e com elas permaneceram.

Mas um terceiro grupo, formado pelo último terço dos anjos, teve um instante de dúvida sobre o que fazer ou sobre qual grupo seguir ou defender. E, quando após um pequeno momento em que buscavam entender o que acontecia, resolveram se decidir, independente de qual lado decidissem, já não mais encontraram suas espadas para a guerra.

Foram destituídos da sua posição de guerreiros celestiais, porque haviam duvidado.

Não por muito tempo, apenas a pequena fração de tempo necessária para levantar as espadas. Mevial, tão logo viu seu amigo com a espada na mão, já quis pegar a sua também.

Mas já era tarde demais. Não foi rápido o suficiente.

Não apenas Mevial, mas todos os anjos deste terceiro grupo estavam num lugar à parte, sem suas espadas. Eram aqueles que haviam hesitado. Eram aqueles que pararam para pensar no momento em que o convite do perverso Lúcifer havia sido feito. Foram relutantes em tomar uma decisão e teriam seus destinos definidos por este momento de relutância.

A guerra celeste tão óbvia na demonstração de posicionamento dos dois grupos decididos, não iniciou.

Tão logo estes 3 grupos tomaram suas posições, o soberano os separou num piscar de olhos, arrebatando cada um para o grupo que sua decisão lhes definia. E, com sua estrondosa e poderosa voz, disse para todos:

– Parem!

Imediatamente, seja por obediência ou medo das consequências, todos pararam onde estavam.

Os anjos do grupo que permaneciam fieis, ao lado de Miguel, se prostraram, apoiadas suas frontes inclinadas, em sinal de obediência e submissão, no pomo de suas espadas.

Aqueles que se rebelaram, apesar de ficarem quietos e cessarem todo movimento de alvoroço que promoviam, mantiveram suas espadas na mão e ficaram em pé, demonstrando claramente que não mais se submetiam ao soberano, embora não ousassem desobedecer a ordem para que parassem, pois conhecem muito bem o poder daquele que houvera criado todas as coisas.

O terceiro grupo, no qual Mevial encontrava-se, ficou ali parada, cabeças abaixadas, alguns em pé outros ajoelhados, sem nenhuma espada. Muitos olhavam uns para os outros, na dúvida do que aconteceria em seguida.

O soberano então decretou, para cada grupo, seu destino.


Lucas Durigon



Esta é uma obra de ficção. Iniciada em 07/08/22.

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domingo, 7 de agosto de 2022

1. A Descida

 


Mevial olhava para a grande bola azul abaixo de seus pés e imaginava como seria sua estadia durante o tempo do seu teste. Mais do que isso, embora confiasse que não queria perder sua segunda chance, que não titubearia novamente e seria aprovado no seu teste, ainda sentia-se um tanto apreensivo em pensar que toda sua memória, do tempo vivido na glória celeste, seria apagada de sua mente e teria de viver num mundo hostil, e de tal forma que deveria demonstrar que sua fidelidade era agora firme e não mais hesitante como houvera sido naquela fração de segundo, marcada na eternidade e que havia mudado a história de toda a criação.

Apreensão e confiança estavam ambas bem nítidas na expressão de sua face, numa mistura de sentimentos eternos, que resumiam aquele momento. O início de sua jornada, desligando-se da glória celestial para passar pelo teste da vida na Terra e, tempo durante o qual não mais se lembraria de toda aquela glória provocava nele uma sensação nova, prenúncio do que viveria na Terra, para a qual ele ainda não tinha respostas, nem sabia ao certo como reagir.

A incerteza do que viria era responsável por grande parte desta sensação. Saber que, durante a vida, não se lembraria dos seus milhares de anos vividos na glória celeste parecia muito assustador.

Teria vislumbres. Poderia antever a glória se a buscasse com todas as forças, com toda a vontade, de todo o coração. Mas não veria com a mesma clareza. Só voltaria a ver tudo aquilo novamente, nítido como pode ver agora, após o seu período de vida na terra, a fim de ser testado e provado para poder voltar a gozar da glória de Deus, novamente em sua companhia.

E sabia que ainda haveria a possibilidade de nunca mais voltar ali: se fosse reprovado, seu destino seguiria outros caminhos nem um pouco desejados por Mevial. Daí, o motivo da apreensão junto à confiança.

Mas ele sabia que não poderia mais dar espaço a dúvidas, à hesitação. Isso havia lhe custado caro e precisava eliminar estas possibilidades de sua mente. Precisava agir com a certeza e confiança no Soberano que prometera receber a todos eles de volta, caso fossem aprovados no teste da vida.

Neste momento, quando seus olhos contemplavam o planeta separado para ser testado juntamente com seus companheiros, já pronto para nele descer, voltou seu rosto novamente para a glória celeste e deu uma última olhada para ali. Sorriu, porque era impossível não ser tomado de plena alegria ao contemplar toda essa glória. A simples presença ali, o simples ato de estar ali, a simples visão de tudo aquilo, era suficiente para inundar de plena felicidade, indescritível e transbordante, qualquer ser da criação.

Então voltou-se para seu amigo e companheiro celeste, o anjo Lames, o qual sorriu para ele e disse:

– Tenha uma boa jornada amigo e volte para nós, depois de terminada.

Mevial, prestes a descer, perguntou para seu amigo, não porque não soubesse a resposta, mas apenas para ouvir de alguém a confirmação do que já sabia, pois as regras haviam sido anunciadas claramente.

– Mas então quer dizer que quando eu assumir o corpo humano, vou esquecer de tudo o que eu sei, de tudo o que eu passei aqui, durante todo esse tempo? Não vou me lembrar de nada mesmo? Toda esta glória – e novamente olhou para sua habitação celeste – e nada disso estará na minha memória, Lames?

– Você conhece as regras, Mevial. E já teve a oportunidade de testemunhar o que aconteceu com tantos outros que desceram antes de você.

– Mas e toda sabedoria adquirida aqui, não poderei mesmo usar nada dela?

– Você sabe o que foi decidido, que cada um receberá insights, chamados de inspiração, sobre a sabedoria que temos aqui, para poder colocar em prática na sua nova habitação, na sua nova forma de viver. Mas você poderá ou não dar atenção a esta inspiração ao recebê-la. E, claro, como o corpo humano tem limitações das leis da física, nem tudo será fácil de se colocar em prática. Haverá até momentos que partes desta inspiração você terá de deixar para outros colocarem em prática, em outros momentos.

– Como poderei viver assim? E a orientação do Pai, eu vou poder falar com ele nesta minha nova vida? Ou Ele se fechará para a comunicação conosco?

– O que o Pai mais quer é manter o contato com cada um de vocês. Com certeza não será do mesmo jeito. Nem será face a face. A matéria não suporta a presença da glória. Então a comunicação terá de ser feita pela fé, que você terá de descobrir o que é, para se comunicar com o Soberano e Pai. Bom, para isso, você sabe que, além da inspiração que Ele irá prover para que cada um possa encontrar caminhos a viver na Terra, o Pai garantiu também que você pode iniciar uma comunicação com ele, através do que ele chama de oração. Mas terá de usá-la através da fé, uma vez que não verá a presença do Pai. Terá de crer naquilo que sentir e discernir, pois o enganador e perverso tentará enganar vocês por meio desta mesma comunicação.

Mevial não podia esconder que o que ele mais queria era estender aquele momento, para que não tivesse que deixar a glória celeste em troca da jornada que viveria na Terra, durante sua prova. Ele logo perceberia que a vida, lá na terra, é uma jornada única e na qual teria de provar que poderá voltar a compartilhar desta glória novamente. Sabia que precisaria fazer as escolhas certas. Sem hesitar. Sem dúvidas desta vez.

Seu companheiro Lames, percebendo este momento reflexivo de Mevial, após algum tempo em silêncio, resolveu falar pra tranquilizá-lo:

– Eu estarei sempre por perto, pra te ajudar.

– Mas eu não verei você, não saberei da sua existência perto de mim. Nem mesmo saberei o seu nome, para te chamar. Não lembrarei sequer desta nossa conversa.

– Realmente não. Mas sentirá alguém perto de você e saberá que poderá contar com minha ajuda. Não apenas a minha. Poderá contar também com a ajuda direta do Eterno, do Soberano. Ele quer te ouvir. Quer te ajudar a voltar pra viver na eternidade em sua companhia. O importante será você dar atenção às suas orientações. Ele não vai te forçar ou obrigar a obedecê-lo, você sabe. A decisão de seguir as orientações do Soberano é de sua livre escolha. E este é o maior teste.

– Mas não saberei nada disso e desta ajuda disponível.

– De imediato, não! Mas aprenderá com outros sobre isso. E terá de usar a fé, dada aos humanos, para ter a certeza de que pode contar com essa ajuda. O eterno deixou inúmeras demonstrações, pistas e sinais de Sua presença e da ajuda disponibilizada a todos os humanos. Você só vai precisar crer, enquanto estiver na vida, treinar para ver com os olhos celestiais e não os materiais, para ter certeza de que estaremos lá com você. Vai precisar deixar sua natureza celestial falar mais alto que a material para conseguir perceber tudo. Quando você entender que é, antes de tudo, um cidadão do céu, perceberá tudo isso mais facilmente, mesmo com as dificuldades que a matéria vai lhe impor. Precisa treinar conseguir perceber a realidade para além dos sentidos materiais que lhe serão dados como maneira para estabelecer um contato inicial. Mas precisa ir além do que seu corpo, com olhos, ouvidos, tato e outros sentidos perceberão da realidade. Precisa conseguir enxergar a realidade acima desta apresentada pelos sentidos humanos.

– Espero realmente poder contar com sua ajuda, meu amigo.

– Mais do que eu, o Eterno sondará o seu próprio coração e seu íntimo e lhe orientará para que siga o caminho certo. Basta que você não O ignore. Ele deseja, mais do que você mesmo, que voltes a gozar de Sua companhia e a desfrutar das moradas celestiais. Você sabe que Ele não poupa esforços para que todos vocês passem pelo teste. Sua única exigência é que sejam aprovados pela sua própria vontade, pela sua livre escolha em glorificar sua majestade. Por isso é tão importante que sua memória seja totalmente apagada. Terá de fazer a escolha de querer vir para cá de novo sem se lembrar de tudo o que existe, apenas crendo pela fé que é o melhor a se fazer e lutar por isso.

– Mas se enquanto eu vivesse na terra, lembrasse de qualquer porção desta glória celeste, eu tenho certeza que faria tudo para voltar aqui e ser aprovado, ainda que me custasse todos os tesouros e benefícios possíveis da matéria.

– E você sabe que é justamente esse o objetivo do teste. Se, com toda essa glória, ainda houve hesitação, enquanto todos aqui estávamos juntos, o Soberano quer saber se são capazes de desejar essa glória de novo mais do que qualquer benefício que lhes seja entregues na matéria, mesmo sem conseguir ver claramente tudo o que aqui temos à nossa disposição. Você vai precisar crer e desejar isso tudo pela fé. Vai precisar desejar ardentemente e com todas as suas forças voltar para cá.

Mevial abaixou um pouco a cabeça, sabendo que o amigo tinha razão. Ele havia hesitado no momento mais crucial de toda sua existência. E isto agora custava o ter de passar por esse teste, por esse tempo longe da habitação celeste. Ele havia sido criado há algumas centenas de milhares de anos. Mas apenas uma fração de segundo de hesitação em toda essa existência foi suficiente para levá-lo agora a este momento, em que seria submetido ao teste mais difícil pelo qual algum ser criado pelo soberano poderia passar: o viver a vida na matéria e decidir seguir as ordens de Deus, e dar glórias ao eterno, mesmo vivendo na matéria, mesmo sem vê-lo diretamente, mesmo não lembrando de toda glória, para então poder voltar à glória e habitação celestial.

Mevial sabia que o momento havia chegado. Em toda sua existência, mudaria sua essência. Habitaria um corpo de matéria e, mesmo sem a memória de tudo o que conhecia da glória existente no céu, teria de escolher, enquanto vivia na matéria, que desejava ser fiel ao soberano e mostrar com suas atitudes, que fizera a escolha correta para, ao fim de sua jornada neste teste, poder voltar a morar no céu. Forças e esperança lhe eram acrescentadas quando lembrava que o próprio Deus Filho se submeteu a esta experiência e conseguiu passar por ela incólume.

Se falhasse, nunca mais, por toda a eternidade, voltaria a ver e habitar essa glória. Na sua falha, após a vida, lembraria desta glória, mas não mais usufruiria dela! Era assustador. Afinal de contas, com tantas consequências em mente, era compreensível que se demorasse para se lançar em sua nova vida.

Olhou novamente para seu amigo Lames e lhe disse novamente:

– Conto com sua ajuda durante minha jornada, amigo.

– Estarei lá, mesmo que não perceba. Você ainda terá ajuda do eterno e Soberano de uma maneira que não será capaz de entender totalmente, mesmo durante o tempo todo de sua jornada na Terra. E ainda terá ajuda de outros vivendo na mesma condição sua, os quais você também ajudará.

Animado com estas palavras e possibilidades, Mevial deu uma última olhada para as habitações celestes, sussurrando um “até breve” e voltou seu olhar novamente para a terra, lançando-se na matéria preparada para ele.

Não apenas a matéria do planeta, preparada com amor pelo soberano para o teste, a fim de servir de habitação daqueles que seriam provados. Mas também ele tinha um corpo humano, que acabara de ser concebido, esperando pela sua chegada. Sua essência espiritual, habitante do céu há milênios, iria agora se submeter a um corpo em formação, de um bebê no ventre de sua mãe, com todas as limitações que a matéria lhe conferiam.

Aquele corpo, ainda em formação, estava vulnerável e precisava de cuidados de outro humano, a fim de sobreviver nestas fases iniciais. Este outro ser humano, que o gestava, era sua mãe. Junto de seu pai, ambos cuidariam de seus estágios iniciais neste teste, para prepará-lo para suas próprias escolhas.

Enquanto Mevial estava no ventre, durante seu tempo de gestação, seria também o tempo em que sua memória celestial, com todas as recordações de sua habitação no céu, seria apagada para ser zerada e poder começar seu teste.

Sem qualquer memória. Totalmente do zero.

Então ele se jogou de lá da glória. E veio habitar no ventre de sua mãe.

A jornada começara.



Lucas Durigon



Esta é uma obra de ficção. Iniciada a publicação em 07/08/22.

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A Aventura da Vida


De onde vem a alma humana? 

Os anjos de Deus ainda podem se rebelar como os anjos caídos que seguiram Lúcifer? 

Por que Deus resolveu criar o ser humano?

Há perguntas que a Bíblia cala, que Deus resolveu não revelar a nós. 

Mas são questões que muitos fazem e não podemos afirmar nada, se a Palavra de Deus não afirmou.

Neste texto, vamos explorar estas questões em forma de ficção. Vamos conjecturar e imaginar as possibilidades. 

E mais, refletir se fosse assim que tivesse acontecido, em que isso implicaria na nossa vida? 

O objetivo não é ser teológica ou doutrinariamente fidedigno (afinal, qual teologia seguir, né?), porque é uma obra de ficção e trata de assuntos que a Bíblia não trata.

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Esta é uma obra de ficção. Iniciada em 08/08/22.

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