segunda-feira, 15 de agosto de 2022

2. Os amigos Mevial e Lames

 


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A partir do momento que Mevial habitou o corpo daquela criança durante a gestação, o anjo Lames já se posicionou perto, a fim de proteger esta criança. Afinal, nesta fase, todos eram muito vulneráveis. Lames seria o anjo que o acompanharia e ajudaria em suas atividades e ações que levariam Mevial a conquistar novamente seu ingresso para voltar a morar no céu. Durante a fase mais vulnerável, o anjo Lames daria uma especial atenção ao seu amigo, que agora era uma criança humana, primeiro no ventre da mãe, depois fora. Mas ainda vulnerável.

Durante este período, Lames estaria muito atento para proteger seu amigo de milênios, agora nascido, no ventre de uma mãe, e durante todo o tempo em que este fosse uma criança, a presença do anjo, seu amigo, seria de grande ajuda. E necessária.

Lá no céu, ambos os anjos, Mevial e Lames sempre foram muito companheiros e próximos, nas atividades que lhes eram designadas, algumas delas pelo próprio Lúcifer, que era um querubim ungido, mas veio a se tornar o Perverso.

Durante centenas de milênios, adoraram a Deus lado a lado no coral angelical, sempre felizes por poder estar na presença do soberano criador. Somente estar no céu, adorando ao eterno, era suficiente para preencher o íntimo deles de alegria plena e indescritível. O que era impossível descrever era vivida de forma real e plena, alegria sentida dentro do seu ser, sem qualquer resquício de dor ou tristeza, sem qualquer possibilidade de explicação, pois não se curva à razão, mas sim à eternidade do amoroso criador.

Eles não explicavam. Experimentavam.

Viviam toda aquela plenitude de paz e alegria.

Durante milênios, os anjos viviam todos juntos, alegres e plenos de gozo no céu, adorando a Deus com todo o seu ser com melodias literalmente angelicais. Regozijavam-se em companhia uns dos outros e do criador. Juntos de todos, estavam os amigos Mevial e Lames. Eram inseparáveis e estavam sempre juntos, convivendo com os outros seres da criação de Deus, os Serafins, Querubins, Arcanjos em número incontável.

Tudo ia muito bem.

Tudo seguiu em paz por milênios, centenas de milênios, até que um querubim ungido, integrante do séquito mais próximo do Soberano, resolveu se rebelar. Era um anjo cheio de luz, tanta luz que seu próprio nome era Lúcifer. Ele se levantou e rebelou-se contra o Soberano, desejando tomar o seu lugar no trono celestial. Mas não era só isso. Ele não queria apenas se rebelar. Para tomar o lugar do trono de Deus, desejava que todos os outros anjos, de toda habitação celeste, lhe seguissem, pois queria ser adorado por toda a criação de Deus, recebendo no lugar Deus, a adoração que era devida somente ao Eterno trino e soberano.

Para isso, Lúcifer precisava seduzir e convencer os outros anjos a lhe seguirem, a lhe obedecerem. E ele se levantou para fazer isso.

Junto com as hordas celestiais, Mevial e Lames se lembram do momento que testemunharam, em que Lúcifer se levantou no meio da assembleia dos anjos e, com um discurso sedutor, convidou a todos para lhe seguirem, em rebelião ao Soberano e Eterno Deus, a fim de lhe tomar o lugar do trono. Prometeu aos anjos posições e honras, se o seguissem. Esperava ter todos os anjos ao seu lado. Mas nem tudo saiu conforme Lúcifer havia planejado.

Ao final do discurso, ambos, Mevial e Lames estavam atentos aos acontecimentos, assim como todo séquito celestial e, quando Lúcifer finalmente fez seu convite, após seu convincente discurso, para que todos lhe seguissem, o arcanjo Miguel imediatamente liderou a defesa dos anjos contra a horda dos rebeldes, e convocou igualmente aos anjos para combaterem Lúcifer, o que um terço deles seguiu imediatamente, sem qualquer hesitação, levantando suas espadas no mesmo momento que outro terço dos anjos faziam o mesmo, mas para se colocar ao lado de Lúcifer.

Nesse momento pequeno da existência da criação, neste pequeno lapso da eternidade que não durou mais do que uma fração de segundo, e não havendo limitações materiais, um grupo imediatamente se encontrou ao lado de Lúcifer, brandindo suas espadas, e dizendo que tomariam o trono ao Soberano. Outro grupo, juntamente com Miguel, em nome do eterno, juravam defender seu trono dos usurpadores, colocando-se imediatamente em posição de guerra para cumprir tal propósito, unidos como um exército, em oposição ao primeiro grupo. Da mesma forma, viram-se instantaneamente juntos num grupo oposto ao outro.

Durante este episódio, que durou apenas o necessário para levantarem suas espadas, Mevial percebeu que Lames não estava mais ao seu lado. Olhou mais longe e percebeu que seu amigo Lames, ao lado de Miguel, com sua espada na mão, juntava-se ao grupo dos anjos que permaneceram, sem qualquer hesitação, ao lado dos fieis.

Não durou nada esta percepção de Mevial e, quando, ao ver seu amigo Lames no grupo dos anjos fieis, resolveu retirar sua espada da bainha, a fim de se juntar ao amigo, percebeu que ela não mais estava lá. Aquela hesitação de fração de segundo em decidir o que fazer, fazia com que sua resolução já fosse tardia. Sua espada havia sido confiscada pelo Soberano no mesmo instante de hesitação de Mevial, bem como de todos os que, como ele, hesitaram ao convite de Lúcifer. Naquele átimo de tempo em que parou para pensar o que fazer, ele estava já num terceiro grupo, sem nem perceber que ou quem o havia levado para ali ou havia tirado sua espada.

Na verdade, não precisava dela, no momento. Espadas são para guerreiros determinados. Não era seu caso. E nem deste grupo de um terço de anjos que havia hesitado ante o convite de Lúcifer.

Neste momento, um terço dos anjos imediatamente decidiu-se a guerrear ao lado de Lúcifer e defender sua causa. Outro terço deles, também de forma firme e convicta, imediatamente desembainharam suas espadas para defender o trono do soberano. Ambos os grupos decididos, para um ou outro lado, usaram imediatamente de suas espadas e com elas permaneceram.

Mas um terceiro grupo, formado pelo último terço dos anjos, teve um instante de dúvida sobre o que fazer ou sobre qual grupo seguir ou defender. E, quando após um pequeno momento em que buscavam entender o que acontecia, resolveram se decidir, independente de qual lado decidissem, já não mais encontraram suas espadas para a guerra.

Foram destituídos da sua posição de guerreiros celestiais, porque haviam duvidado.

Não por muito tempo, apenas a pequena fração de tempo necessária para levantar as espadas. Mevial, tão logo viu seu amigo com a espada na mão, já quis pegar a sua também.

Mas já era tarde demais. Não foi rápido o suficiente.

Não apenas Mevial, mas todos os anjos deste terceiro grupo estavam num lugar à parte, sem suas espadas. Eram aqueles que haviam hesitado. Eram aqueles que pararam para pensar no momento em que o convite do perverso Lúcifer havia sido feito. Foram relutantes em tomar uma decisão e teriam seus destinos definidos por este momento de relutância.

A guerra celeste tão óbvia na demonstração de posicionamento dos dois grupos decididos, não iniciou.

Tão logo estes 3 grupos tomaram suas posições, o soberano os separou num piscar de olhos, arrebatando cada um para o grupo que sua decisão lhes definia. E, com sua estrondosa e poderosa voz, disse para todos:

– Parem!

Imediatamente, seja por obediência ou medo das consequências, todos pararam onde estavam.

Os anjos do grupo que permaneciam fieis, ao lado de Miguel, se prostraram, apoiadas suas frontes inclinadas, em sinal de obediência e submissão, no pomo de suas espadas.

Aqueles que se rebelaram, apesar de ficarem quietos e cessarem todo movimento de alvoroço que promoviam, mantiveram suas espadas na mão e ficaram em pé, demonstrando claramente que não mais se submetiam ao soberano, embora não ousassem desobedecer a ordem para que parassem, pois conhecem muito bem o poder daquele que houvera criado todas as coisas.

O terceiro grupo, no qual Mevial encontrava-se, ficou ali parada, cabeças abaixadas, alguns em pé outros ajoelhados, sem nenhuma espada. Muitos olhavam uns para os outros, na dúvida do que aconteceria em seguida.

O soberano então decretou, para cada grupo, seu destino.


Lucas Durigon



Esta é uma obra de ficção. Iniciada em 07/08/22.

https://tapecariadepalavras.blogspot.com/2022/08/a-descida.html



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