segunda-feira, 3 de outubro de 2022

9. Escolhas

 


Vida e morte. Trevas e Luz. Bom e mau. Bem e mal.

Em tudo, a escolha é sempre intrínseca. Está ali. Sempre.

Pode parecer que não, como pareceu aos anjos, durante centenas de milênios, vivendo a plenitude da bondade do soberano. Em certos momentos, quando o que se está vivendo é apenas um lado desta escolha, quando se vive por muito longo tempo apenas um lado da realidade, pode parecer que o outro lado nem existe.

Afinal, todos que vivem em guerra por um tempo muito longo, parece que já perderam a esperança da paz, que não acreditam mais em qualquer outro tipo de realidade.

E a falta de esperança pode roubar a força de viver.

Da mesma forma, se alguém viver apenas em prosperidade, amor e paz por longo tempo, sem qualquer adversidade, pode confiar e acreditar tanto nesta realidade que parece não existir o outro lado.

E pode baixar a guarda e não mais vigiar para manter seu estado.

O outro lado está sempre ali. À disposição. Esperando nossa escolha. Podemos escolher mudar ou manter nossa posição.

Depois que o Criador trouxe à existência seu exército celestial, numeroso em extremo, queria estabelecer um relacionamento com cada um deles, um relacionamento de pai, amigo, senhor, mestre. E, como todo relacionamento que precisa ser estabelecido por livre e espontânea vontade e nunca por força ou violência, pois não seria verdadeiro, então também é necessário que exista a opção de não querer o relacionamento.

Se a única opção possível é a de se manter num relacionamento por força, não por escolha, então isso não é mantido pelo amor e vontade, nem pela escolha. Mas o seria pela força, se não houvesse outra opção. O simples fato de não haver outra opção demonstra a imposição da escolha por parte de quem criou a situação.

Por isso mesmo, desde o início, a escolha de abandonar a Deus e escolher não manterem-se no céu sempre estiveram presentes.

Mas o Criador quis, antes de oferecer a eles a escolha, mostrar-lhes os benefícios de sua presença e bondade, de seu amor. Sem conhecer todos estes benefícios, também não seria justo que fossem submetidos à escolha e a provação, pois não teriam conhecido suficientemente os benefícios do amor de Deus, nem vivido essa realidade o suficiente para encher seus corações da convicção de ser esta a melhor escolha.

Mas nenhum deveria estar no céu apenas porque foi ali criado. O Senhor sempre quis que cada um ficasse ao lado dele por sua própria vontade. Por expressão plena do amor correspondido. Pela alegria de compartilhar um relacionamento, não pela obrigação de estar nele, muito menos pela falta de escolha ou de opção. Se, mesmo com alguma ou muitas opções para sair daquele relacionamento, eles escolhessem ficar, então significava que seus corações estavam realmente aliançados, realmente conectados pela fidelidade e vontade própria. Neste caso, estar juntos e compartilhar o mesmo céu era um prazer, mais um benefício e prêmio para viver nesta situação. A própria convivência com quem se ama e se escolhe e quer estar junto é um benefício para quem isso escolhe. Do contrário, quando não se quer, a união se torna um fardo.

Para corações cheios de ingratidão e cegos aos benefícios que tiveram, parecia sempre que o outro lado, que a outra opção é mais vantajosa.

Mas era necessário ter uma opção.

Se não houvesse a outra opção: a de sair, de abandonar, de negar aquela existência, então seria porque aquela existência era a única possível, não seria fruto da livre escolha. E, se fosse algo forçado, não seria fruto do amor e do querer. Seria simplesmente imposição. E o amor do Soberano Criador não é assim. Ele não criou os seres para lhe amarem por imposição, por força ou poder. Mas sim por livre e espontânea vontade. Guiados, sim, pelo Espírito que daria e mostraria a eles todos os benefícios de escolher permanecer com o criador e, em contrapartida, as consequência de escolher abandoná-lo.

Mas a escolha é essencial para validar o amor.

Houve um momento, em que a outra opção foi apresentada aos seres celestiais, mesmo depois de centenas de milênios experimentado a alegria, paz, amor e bondade plenos, ofertados pelo Soberano, mesmo assim em um determinado momento eles foram apresentados a uma escolha e a tiveram de fazer.

Apesar de existir este momento crucial quando a escolha precisa ser feita, ela não foi, em verdade, apresentada de repente, como se nunca houvesse estado no coração dos seres angelicais. A escolha final foi alimentada por escolhas menores, de tempos em tempos. A cada vez que um anjo, arcanjo, querubim ou sefarim resolveu alegrar-se com os elogios dados por Lúcifer, a acalentar em seu interior as dúvidas que o anjo de luz lhes apresentava, a deixar o orgulho invadir seu interior e permitir que cada semente dessas tivesse campo fértil para crescer na sua mente, então a cada momento desses, era feita uma escolha. Eram pequenas escolhas, mas que alimentaram e prepararam o alicerce para a escolha final. Essa foi a estratégia do Perverso. E cada um escolheu segui-la. Ou não. E, assim, uma escolha pequena de cada vez, levaram todos eles para a escolha definitiva. Os corações estavam preparados, conforme as pequenas escolhas feitas. Talvez pudessem ainda ter tido a lucidez de escolher clara e conscientemente o melhor, quando a escolha final lhes foi apresentada.

Mas nem todos escolheram o melhor.


Lucas Durigon


Esta  é uma obra de ficção. Iniciada em 07/08/22.

https://tapecariadepalavras.blogspot.com/2022/08/a-descida.html


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