segunda-feira, 26 de setembro de 2022

8. A Rebelião

 

O anjo rebelde, conhecido como Lúcifer, um anjo de luz no céu antes de sua rebelião, tornou-se o inimigo de todos os que vieram a habitar a terra, passando também a se chamar Satanás, o inimigo, porque passou a odiar todos os que relutaram em seguir sua rebelião consigo.

O anjo rebelde, o perverso, concluiu erroneamente que se aquele 1/3 que relutou em seguir suas seduções tivessem se juntado imediatamente ao grupo que seguiu-o sem relutar, ele poderia então vencer as hostes celestiais que permaneceram fieis ao soberano e então conseguiria tomar o trono daquele que é Eterno, Criador e Sustentador de todas as coisas.

Sua arrogância e obstinação o cegavam, ao ponto de esquecer que o soberano detém todo o poder e jamais, em qualquer circunstância, ele poderia conseguir tal intento.

O soberano sequer foi pego de surpresa com sua rebelião e com aquele momento em que Lúcifer, o perverso, tentou arrebatar os guerreiros celestiais para seu lado, com sua sedução. O Deus trino e Eterno sabia exatamente o que se passava no coração dele e todos os preparativos que fez até chegar o crucial momento. Mas, jamais antes na eternidade, sua criação havia passado por um momento como esse. Jamais haviam sido desafiados e seduzidos. Jamais haviam experimentado a provação e a necessidade de tomar uma posição.

E o Eterno julgou ser necessário que isso acontecesse, uma vez que ao serem questionados, todos os seres angelicais criados por Ele poderiam expor o que havia dentro de seu ser: se fidelidade, se rebeldia, se hesitação.

Era necessário proporcionar este teste para dar a eles a chance de mostrar e provar o que havia dentro de si. Não para que o Eterno Soberano soubesse, mas sim para que cada um soubesse de si mesmo, quem realmente eram e a quem eram fieis.

Foi por isso que, quando Lúcifer iniciou sua rebelião, o soberano não a impediu. Queria trazer à luz e deixar claro o real caráter e conteúdo do ser de cada um. E isso só poderia acontecer se fossem questionados, se fossem desafiados, se fossem provados.

Mas esse pensamento não surgiu na mente de Lúcifer de repente. Ele coordenava os louvores da criação celeste perante o soberano por centenas de milênios. E, por todo este tempo servindo ao soberano e recebendo as graças de Sua presença, seu coração já deveria estar o suficiente firme no propósito de se manter fiel ao Criador. Mas, se mesmo depois de tanto tempo recebendo o amor e a bondade do Soberano, o Perverso foi capaz de acumular estes sentimentos e ideias dentro de si, é porque não importa quanto tempo passasse, o que estava no seu coração, em algum momento viria à tona.

Ele mesmo dava glórias e honras ao soberano. Continuamente. Durante uma boa porção da eternidade.

O amor e a bondade do soberano retornavam para seus adoradores, que conheciam a plenitude do amor e da alegria enquanto adoravam.

O querubim ungido liderava isso e começou a sentir-se especial, pois era ele quem criava as melodias, os ritmos, as harmonias que honravam a cada um dos entes da trindade, a fim de oferecerem o que tinham dentro de si em resposta ao amor recebido. Esse sentimento de sentir-se especial começou a inclinar-se para um sentimento de superioridade, de arrogância.

Começou a pensar que merecia um tratamento especial, um prêmio especial em troca do que fazia. Começou a imaginar que a eternidade, o amor recebido, a glória celeste da qual pertencia junto com todos os outros não mais eram suficientes para retribuir todos os seus serviços prestados ao Soberano trino.

Afinal de contas, ele fazia mais e melhor do que muitos seres celestes ali presentes, pensava. Não viu, nesta posição que lhe fora confiada, por si só, um motivo a mais de alegria e honra. Mas passou a pensar que essa posição, ao invés de ser, por si só, um privilégio e uma honra, era algo que fazia e que deveria receber, a seu ver, uma recompensa por parte do Soberano em troca do que fazia.

Esse foi o início do seu erro. Não afastou essa ideia. Mas alimentou-a.

Ele fazia. E agora buscava fazer cada vez melhor. Mas não porque queria melhorar, cada vez mais, seu serviço ao Soberano, em troca da alegria de poder habitar a glória celeste. Ele agora buscava chamar a atenção do Soberano apresentando cada vez mais um serviço primoroso, com a intenção de que, em algum momento, recebesse um prêmio pelos seus serviços.

Mas o Soberano continuou como sempre: dar-lhes seu pleno amor, a alegria, a glória celeste, uma família no céu que proporcionasse a cada um deles o privilégio da confraternização, da convivência e comunhão com vários seres celestiais e com o próprio criador. Ou seja, riquezas indizíveis que sempre estiveram à sua disposição.

Mas tudo isso, aos poucos, foi se tornando insuficiente para Lúcifer. Ele começou a se achar especial e merecedor de algo a mais. Também passou a ver o que não tinha, no lugar de ver o que tinha. Em vez de agradecer e ser plenamente feliz por ter sido criado para habitar tão grande glória celeste, passou a ver que lhe faltava o trono, o domínio. Pensou que seria melhor se, ao invés de liderar os seres angelicais em adoração ao Soberano, seria mais feliz se os próprios seres angelicais direcionassem a adoração a ele.

Passou a observar tudo o que o soberano havia reservado para Si mesmo e passou a desejar isso. A desejar ter o que o Soberano tinha. Não lhe era mais suficiente o ter sido criado e receber todas essas honras, a ter acesso ao convívio da Sala do Trono, a ser amado e ter plena alegria. Mas queria, ele mesmo, ser o controlador disso tudo. Não queria mais liderar o coral angelical, em cumprimento de uma ordem dada por outro, que era, na verdade, um privilégio. Achou que seria melhor se ele mesmo fosse o alvo e objeto da mesma adoração.

E assim alimentou essa ideia por algum tempo.

E viu que, mesmo passando o tempo, o Eterno permanecia o mesmo em sua atitude. Não mudava. Não lhe dava nenhuma honra adicional. E passou da insatisfação para a chateação. Passou a pensar em como poderia receber adoração.

E chegou a uma conclusão: só há um jeito. Estar no lugar do soberano. Só me prestarão adoração se eu for o dominador. Se eu me sentar no trono.

A partir deste momento, mudou de pensamento e passou a planejar em como faria isso. Soube que não poderia fazê-lo sozinho. Precisava desde já preparar o grupo que seria aquele que lhe prestaria adoração quando assumisse o trono do soberano. Ele queria os seres celestiais como súditos.

Mais do que isso. Precisava de um exército fiel que lhe desse respaldo no momento de tomar o poder. Que lutasse ao seu lado para derrotar o Criador.

E usou uma estratégia sutil e sorrateira.

Passou a alimentar o orgulho dos seres angelicais. O tratamento diferenciado que ele esperava receber por parte do soberano, a fim de sentir-se valorizado, passou a dar aos seus companheiros, aos cantores que liderava durante a adoração. Passou a elogiar alguns, em detrimento de outros. Passou a alimentar o sentimento de superioridade de seus companheiros. Semeou no seu íntimo o desejo de serem apreciados, de serem tratados de forma especial.

Então, aos poucos, cultivou nos seus companheiros a ideia de que o que faziam era importante e mereciam receber algo de especial em troca pelo que faziam. De maneira alguma valorizava e mostrava tudo o que já tinham recebido, mas alimentava em todos o desejo de mais, o desejo de buscar aquilo que não tinham.

E essa sedução correu por alguns milênios, sorrateiramente, nos lugares celestiais.

Então alguns deles começaram a sentir este desejo de retribuição.

Em outros, essa sedução era inócua. Boa parte dos seres angelicais estava tão plenamente feliz e satisfeitos pelo que tinham, que não lhes acendia no íntimo qualquer desejo de querer mais. Até porque, não precisavam de mais nada. A eternidade lhes bastava.

E como poderia não ser assim para alguém? !!

Como poderia a eternidade plena de alegria ainda não ser suficiente e boa para alguém?!!

Mas, para o anjo de luz rebelde e para aqueles que ele ia seduzindo, parecia que tamanho prêmio, da eternidade plena da presença do criador, não era mais o suficiente.

Queriam mais.

Desejavam receber o que não lhes cabia.

Mas desejavam mesmo assim.

E isso, aos poucos, durante alguns poucos milênios, foi-se tornando maior do que podiam controlar. Passaram a não mais ver a glória celeste com a mesma alegria de antes. Passaram a ver apenas o que não tinham. Olharam para a falta de honras pelo seu trabalho e não a honra de poder prestar adoração ao Soberano, de estar na sua presença, de morar na glória celeste, de receber a total e plenitude do amor em si.

Essa posição e tarefa já não era, por si só, motivo de alegria e plenitude. Cada vez mais, o grupo que queria mais, conforme a sedução de Lúcifer, crescia. Sem que eles mesmos percebessem.

Afinal, parecia tão justo e óbvio que eles merecessem ser elogiados e recompensados pelo que faziam. E o Soberano, sendo um Deus de justiça, não poderia ignorar esta verdade. O soberano era justo, todos sabiam. E pensavam que Ele não iria deixar de reconhecer, de forma justa, que eles mereciam uma recompensa pelo que faziam.

Mas todos eram recompensados. Só que alguns passaram a não perceber mais isso. Fecharam seus olhos para as recompensas que tinham.

Este sofisma era poderoso e ver apenas um lado da verdade tinha um poder devastador no discernimento dos seres celestiais que, aos poucos, iam se deixando levar pela sedução de Lúcifer. Não conseguiam ver que o soberano, de tão amoroso e justo, havia dado a eles tudo, mesmo antes de começarem a adorá-lo. A glória celeste, a plenitude da presença, a paz e tudo o que estava à sua disposição foram dados pelo Eterno e misericordioso mesmo antes de qualquer deles tomar qualquer atitude de adoração.

Mas parece que, aos poucos, esqueciam-se disso. Começaram a inverter a ordem, como se o Soberano lhes devesse algo por prestarem adoração. Como se fizessem um favor e não fosse, sua atitude de adoração, uma gratidão por tudo o que tinham.

E, porque se esqueciam, a rebelião crescia. Silenciosa e sorrateira.

Ia se infiltrando nos corações, à medida que Lúcifer semeava nos corações o desejo de receberem algo em troca pelo que faziam. E Lúcifer semeava aos poucos, sabendo que precisava de um terreno fértil a fim de poder colher os frutos de sua investida.

Aguardava o momento da tacada final. Mas o cenário era preparado.

Só que nem todos ofereciam, no íntimo, ocasião para fazer prosperar a intenção de Lúcifer. Muitos permaneciam silenciosos e resistentes à sedução feita. De forma consciente.

E ainda outros pareciam não perceber o que estava acontecendo.

Até o fatídico momento em que Lúcifer decidiu convocar a todos para a rebelião.

Houve aquele momento em que o perverso não quis mais esperar e pensou que já tinha influenciado o suficiente para ter ao seu lado um número de seguidores que lhe permitisse executar o seu intento.

E fez seu discurso geral, de convocação para que escolhessem ficar do seu lado.

No momento em que ele se levantou, Pai, Filho e o Espírito estavam no trono. E observavam os acontecimentos. Com tristeza, pois sabiam as trágicas consequências disso.

Mas era necessário que assim acontecesse.


Lucas Durigon


Esta  é uma obra de ficção. Iniciada em 07/08/22.

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