segunda-feira, 5 de setembro de 2022

5. O Teste

 


Após dirigir-se aos três grupos para lhes definir o destino, o Soberano explicou melhor a natureza e objetivo deste teste ao qual submeteria aqueles que haviam hesitado.

Disse-lhes que prepararia um lugar, não de natureza espiritual como o céu onde habitavam agora. Seria um lugar material, feito de átomos e matéria, como o presente no Universo que criara, que havia até então sido apenas objeto de contemplação de todos eles. Seria, a partir de agora, não apenas objeto de contemplação, mas local de vivência e de morada para aqueles que seriam submetidos ao teste.

Eles ganhariam um planeta inteiro para morar, preparado com amor e com todos os recursos necessários para dar à matéria condições de existência.

O Soberano lhes explicou que a essência do seu ser e de sua alma lhes seguiriam, mas que sua mente e memória não lhes permitiriam recordar de forma exata, completa e clara, quem eles eram, nem tudo o que haviam vivido até ali.

– Vocês habitarão um corpo material, viverão num mundo material, sem a memória clara de toda glória celestial e terão de me provar que desejam, realmente, viver pela eternidade ao meu lado, com lealdade e amor, a fim de poderem retornar para cá, após este teste da vida, e podermos novamente habitar juntos e retomar nosso convívio normalmente, com a plena glória e amor que conhecem.

Após esta explicação inicial do Soberano, muitos ainda estavam com dúvidas. Embora tivessem visto e contemplado a matéria, não tinham a menor ideia de como viver nela e interagir com ela. Algumas dúvidas surgiram e alguns ousaram perguntar. O Soberano, misericordioso e compassivo, compreendeu que houvessem dúvidas e, embora pudesse ter explicado tudo antes que qualquer um levantasse um questionamento, pois já conhecia quais eram as dúvidas nos corações de todos, escolher dar-lhe a oportunidade de interagir e perguntar, para deixar bem claro nesta atitude que seu relacionamento continuava de Pai e filhos, de criador, um relacionamento de amor, que permitia o questionamento respeitoso, a fim de dar paz a um coração cheio de dúvidas. O soberano não impediria os questionamentos, não cortaria o relacionamento, não bloquearia totalmente a comunicação por sua própria iniciativa, a não ser que seus filhos escolhessem bloquear este relacionamento pela desobediência e rebeldia às suas ordens.

Então, um dos arcanjos, perguntou:

– Mas Senhor, teremos nesta matéria que dizes o alimento que emana de Ti e nos sustenta em todo o tempo aqui? Seremos sustentados pela tua luz e conseguiremos sentir essa força e energia que temos, vindas do seu íntimo para nós, como percebemos a todo momento, aqui na tua presença?

O Criador falou pelo Filho, neste momento, e respondeu.

– Na matéria e por causa de estarem passando pelo teste, terão de dar atenção a dois tipos de alimento: o material e o espiritual. Como terão, além de sua natureza espiritual, um corpo também material, terão de alimentar ambos. No local onde passam a viver, receberão todos os recursos necessários para ter o alimento para seu corpo material. Lá, o alimento será feito de estruturas atômicas da mesma natureza de toda criação da matéria presente no Universo, arranjadas de tal forma que possam dar a vocês também o prazer de vivenciar esta busca pelo alimento. Deixaremos tudo pronto e colocaremos tudo à sua disposição, preparado pela Terra, para que possam pegar e se alimentar. Mas não receberão isso em seus corpos como aqui, automaticamente. Terão de colher e comer. Também estará à sua disposição todo o alimento espiritual e estaremos com vocês para lhes oferecer isso, mas não será colocado em vocês, sem que busquem ou peçam por isso. Terão de pedir, usando a oração, por alimento espiritual e fortalecimento para vossas almas.

O Filho explicava e todos tinham o entendimento de tudo isso, mas ainda não podiam saber plenamente, por ainda não terem vivenciado nem experimentado tudo isso. Perceberam também que, tendo, durante toda a eternidade, tudo isso à disposição de forma plena e sem que tivessem necessidade de buscar por isso, perceberam então que não haviam dado o devido valor a tudo o que sempre tiveram. Agora, embora estivesse à sua disposição, teriam de demonstrar que realmente queriam e teriam de buscar pelo alimento que os mantinha vivo. Não receberiam mais automaticamente a essência para ser e existir. Teriam de cuidar disso para dar valor e poder entender que tudo o que haviam tido foi por eles desprezado e agora pagariam o preço do teste. Mas o Filho continuou.

– Porque vocês hesitaram e não souberam entender o real valor de tudo o que sempre tiveram à sua disposição aqui na glória celeste e tudo o que o nosso amor sempre lhes proporcionou, o teste consiste e mostrar-nos que vocês realmente querem voltar a ter isso. Portanto, precisarão buscar por alimento material e espiritual, com todo o desejo do seu coração. Vamos instigá-los a isso porque sentirão a necessidade desta busca, visto que a falta destes alimentos irá enfraquecê-los e desejarão o alimento material e o espiritual, pelo qual pedirão. E daremos a vocês. Mas precisam querer e desejar e buscar e pedir. Se o fizerem de todo o coração, veremos que realmente estão entendendo o valor de tudo o que sempre lhes demos. E, se acrescentarem a esta busca a gratidão por terem obtido, certamente tornarão a jornada diária desta busca muito mais suave e próspera do que se apenas tomarem para si aquilo que colocarmos à sua disposição.

Daqueles que teriam de passar pelo teste, os hesitantes, muitos deles realmente refletiram sobre o fato de terem sempre tido tudo à sua disposição e de como tudo isso era-lhes ofertado graciosamente sem que nada precisassem fazer para obter e começam a realmente questionar a si mesmos, em como puderam hesitar, como puderam, mesmo por um tão pequeno espaço de tempo, ousar em pensar seguir a sedução do Perverso e o porquê teriam hesitado naquele tempo. Alguns até pensaram em pedir, ali mesmo, logo no início deste esclarecimento, que o Soberano lhes desse mais uma chance ali no céu, sem que precisassem passar por este teste e queriam reconhecer ali que haviam cometido um erro. Mas, o Soberano, conhecendo seus pensamentos, antecipou-se a esclarecer.

– O teste é necessário. Alguns de vocês agora pensam que dão valor a tudo isso, mas a hesitação aqui demonstrada nos revela que ainda não estão preparados para dar o real valor a todos os presentes que lhes demos. Ao passar pela experiência de terem de pedir e buscar pelas suas necessidades, poderão entender muito mais claramente a grandeza de todos estes benefícios e, quando aqui voltarem, para aqueles que forem aprovados, estarão plenamente convictos de que não há lugar melhor para estarem do que juntos comigo e plenos de todas estas bênçãos. Nunca mais hesitarão, após este período. Será um teste intenso, mas definitivo.

Esta palavra do Soberano lembrou-lhes de outra questão: e se não passassem no teste, e se não conseguissem suportar as agruras da vida na matéria. E se a hesitação se transformasse em desistência ou afronta ou rebeldia ou ingratidão. Então, outro anjo perguntou, apreensivo.

– E se não passarmos no teste?

Ao que o Filho respondeu:

– Daremos todas as condições para todos vocês, igualmente, poderem passar no teste. Preparamos tudo, para que tenham todas as condições para voltarem a dividir conosco desta glória celeste. Mas temos de ser justos. Para aqueles que insistirem numa atitude de ingratidão, de não reconhecerem tudo o que colocamos à sua disposição, não terão motivos para voltar aqui. Para aqueles que não souberem ou não conseguirem dar valor a esta habitação e todas as bênçãos que ofertamos, entenderemos então que para estes, não há importância e, porque não sabem dar valor a tudo isso, então não precisam usufruir de tudo isso. Serão lançados, junto com o grupo de anjos rebeldes, no lugar onde não há nada disso. Onde a ausência da nossa presença e amor causará dor e lamento. Onde a ausência de luz implica na existência de trevas, dúvidas, incertezas, medos. Onde a completa ausência de altruísmo gera total egoísmo.

Ao que outro anjo perguntou:

– Que lugar horrível seria esse. Como se chama esse lugar?

E o filho respondeu.

– Chama-se INFERNO. O único lugar onde escolhemos não estar.

Todos se entreolharam com bastante apreensão estampada nos rostos, sem entender direito o significado daquelas palavras, porque nunca haviam entrado em contato com isso tudo, nem tampouco imaginavam o que, na prática, elas significavam por nunca terem experimentado estas sensações. Imaginaram que tudo isso seria muito ruim, embora não entendessem direito o que representava algo ruim. Mas sabiam, lá no fundo, que não seria algo bom de se experimentar. Outro anjo perguntou:

– Senhor, por amor e misericórdia: é realmente necessário que seja assim?

E, com muito amor, o Espírito agora respondeu a todos.

– O que gerou sua hesitação aqui e fez com que pensassem, mesmo que por um pequeno momento, em seguir a rebelião do Perverso foi o fato de não entenderem plenamente as bênçãos de que sempre usufruíram. Experimentar e conhecer só um lado dificultou para vocês entender a grandeza de tudo o que têm. Não conhecer, até hoje, nenhuma alternativa de vivência ou existência, vivendo plenamente e sempre o amor e a bondade fez com que esquecessem o real valor de tudo isso. A falta do entendimento do que é o bem e o mal fez com que vocês não entendessem a grandiosidade de todo o bem que sempre tiveram à disposição por estar em nossa presença. Sua experiência será difícil, mas muito importante. Porque apenas saberão a real grandeza do belo quando conhecerem o horror. Só entenderão o significado da plenitude quando conhecerem a escassez. Só darão valor ao amor quando forem testados no pecado. Só enxergarão plenamente a luz quando experimentarem as trevas. Estes contrastes e dicotomias darão a vocês a clareza para a escolha. Mostrarão se realmente desejam escolher um lado e deixar o outro. Porque não podem ficar com as duas coisas. E sua hesitação demonstrou que talvez desejassem isso. Mas precisam estar convictos daquilo que realmente desejam por toda a eternidade. E este teste os ajudará nisso. Será bom para vocês, no final.

Apesar destas palavras consoladoras, a apreensão ainda estava presente. Entenderam que tudo era importante e necessário, mas este desconhecido realmente parecia ser assustador. Como viver sem a presença da glória do Soberano? Como poder imaginar passar um segundo sequer sem sentir aquela bondade? Como suportar as trevas? E como é que fariam para ter de buscar o alimento, se sempre o tiveram dentro de si, sem qualquer necessidade de conquistá-lo? Eram muitas dúvidas, mas o Espírito ainda lhes garantiu que no tempo certo entenderiam tudo. Disse-lhes:

– Não se atemorizem. Aos poucos tudo se esclarecerá. Confiem em mim. Não tenho o desejo de que sucumbam a tudo isso, senão que vençam tudo e voltem pra mim. Todo meu amor continuará à sua inteira disposição. A única diferença é que agora terão de me dizer que o desejam, terão de buscar, terão de fazer escolhas. Até agora, nenhuma escolha foi exigida de vocês. Por isso foram pegos de surpresa ante a sedução do perverso e não souberam como reagir e hesitaram. Agora, terão clareza que existência de escolhas e poderão decidir por si mesmos. O meu fôlego de vida estará em vocês e os instigará à bondade. Apenas sigam meus sinais.

Estavam ainda todos tentando entender.


Lucas Durigon


Esta  é uma obra de ficção. Iniciada em 07/08/22.

https://tapecariadepalavras.blogspot.com/2022/08/a-descida.html


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