segunda-feira, 19 de setembro de 2022

7. Os Fieis

 

Miguel também era um ser celestial que havia vivido, como todos os outros, algumas centenas de milhares de anos em plena harmonia celeste, sem jamais ter presenciado nada além da bondade e amor, que sempre foram transbordantes no céu.

Em toda sua jornada, sua maior alegria sempre foi servir ao Soberano. A sensação de plenitude, de bondade, de amor em que sempre esteve imerso não lhe deixava dúvidas sobre ser o céu indiscutivelmente o melhor lugar para se estar e viver. Experimentando a glória celeste, Miguel jamais desejou, nem poderia, qualquer outro lugar, ou qualquer outra companhia senão a da Trindade santa.

Miguel sempre viveu, vivenciou e esteve imerso em sua dedicação em servir o Soberano, porque jamais passou pela sua mente, no seu interior, qualquer outra opção que não fosse servi-Lo. Miguel o fazia em êxtase, com seu interior sempre cheio de certeza de que essa era a única opção de existência, por toda a eternidade. Nem ele, nem qualquer dos seres celestiais que permaneceram, sem qualquer dúvida, fieis ao Soberano.

O desejo de servir ao Soberano por toda a eternidade era tamanho que nada mais pensavam os seres celestiais que foram fieis a Ele.

Por isso mesmo, quando o Perverso fez o convite, nenhum destes tiveram qualquer resquício de dúvida sobre o que fazer, por mais sedutor e convincente que tivesse sido seu discurso. O brandir de suas espadas em defesa do Trono do Soberano foi imediato e instantâneo porque jamais qualquer das situações propostas pelo Perverso tiveram lugar em seu coração. Nem mesmo o vazio da dúvida, o lapso da hesitação. Não havia nada neles que pudesse se alinhar ou se identificar com a proposta e convite do Perverso. Este não tinha nada do seu ser que se identificasse com o íntimo dos Fieis.

Assim como todos os seres celestiais, os Fieis também nunca tinha conhecido outra realidade e foram, repentinamente, expostos a esta opção e escolha, de se rebelarem contra o trono do Soberano. Mas, com o coração tão cheio e pleno da bondade divina, não havia espaço para dúvidas.

Logo após a separação dos grupos para definir-lhes o destino, o Soberano voltou-se para os fieis e deixou tudo bem claro para eles. Disse-lhes:

– Meus filhos e servos fieis: desde o início a possibilidade do mal sempre esteve latente, esperando para vir à tona. Mesmo que ainda não fosse uma realidade presente, que nunca tivéssemos vivido essa realidade, sempre esteve presente como uma possibilidade. Não podíamos suprimir ou extinguir essa possibilidade porque isso significaria a extinção da própria liberdade de escolha de vocês, a extinção do próprio livre arbítrio. Não pode haver possibilidade de escolha sem ter o que escolher, sem opções. Se a realidade da bondade e do pleno amor tivessem sido, desde o início, as únicas possíveis, jamais poderíamos saber quem nos serviu com amor sincero, jamais poderíamos saber quem de vocês realmente estavam unidos a nós por vontade própria.

Aos poucos, cada um dos seres angelicais ia percebendo que aquele teste, além de necessário, era um divisor de águas na história da criação. Um momento crucial que causaria grandes divisões, eternamente. O antes e o depois daquele momento jamais seriam iguais novamente. Nunca, nada seria como antes.

O Soberano continuou:

– Nós fizemos tudo para que o coração de vocês estivesse sempre pleno do que existe de melhor. Mas precisávamos deixar cada um seguir seus caminhos, fazerem suas escolhas no coração e definir o próprio destino. Alguns permaneceram fieis e cheios da bondade disponível. Outro grupo começou a deixar que o vazio e o mal tomasse conta e chegasse nesse momento da história da criação com seu interior vazio de bondade e cheio de rebelião e maldade. Outros parecem não terem se preocupado em definir bem o que estaria no seu interior e chegaram neste momento de forma indefinida.

Todos sabiam que o Soberano estava falando dos três grupos de seres angelicais, que agora representavam três destinos diferentes. E continuou:

– Mas, com tudo isso, depois de tanto tempo vivido aqui na eternidade, chegou a hora de ser colocado à prova o que realmente havia no interior de cada um de vocês. Assim como todos, Lúcifer também tinha a liberdade e escolheu fazer esta proposta a todos, levando um terço dos seres angelicais com ele. Não pedi, nem instiguei ele a fazer isso. Foi algo que nasceu no coração dele, porque sempre foi livre para escolher e sempre existiu a possibilidade de escolher me rejeitar. Mas vocês, igualmente tentados e provados, permaneceram firmes e fieis. Este foi um momento decisivo para todos vocês, meus servos fieis. Este foi o grande teste que definiu o destino destes dois grupos. Vocês agora precisam saber e entender que a escolha de vocês precisa ser mantida e confirmada.

Todos os seres angelicais fieis se curvaram perante o soberano e gritaram, com suas vozes, dizendo:

– Santo, Santo, Santo é o Senhor dos exércitos. Somos, fomos e seremos fieis a Ti para todo sempre. Nosso coração e nossa existência a ti pertencem e assim o fazemos com alegria.

A confirmação da fidelidade era necessária e importante. Estes seres angelicais jamais, em toda a existência futura, iriam trair a fidelidade ao Soberano. Não poderiam porque, além de terem conhecido a existência do mal, também conheceram a justiça e severidade do Soberano que lidou com o mal da forma como deveria. Eles nunca tinham visto as consequências do mal pela justiça de Deus porque nunca tinham visto o mal. Mas agora, conhecendo-o e sabendo quais as consequências, precisavam afirmar mais decididamente que permaneceriam fieis.

Eles viram a realidade do inferno e sentiram a ausência de amor nas trevas exteriores, sem a presença da bondade do Soberano. Sentiam-se com medo apenas de pensar que seus antigos companheiros celestiais teriam este destino e não poderiam, jamais, admitir que pudessem ter o mesmo destino. Tinham passado por este teste decisivo e isto tinha dado a eles a certeza com clareza, de forma nítida, que só valia a pena permanecer na presença do Soberano, na glória celestial.

O grupo dos fieis jamais usariam sua liberdade de escolha para ir a um destino tão terrível. A escolha que fizeram neste dia de teste, depois de conhecer as consequências de outra escolha, jamais seria revogada.

Eles permaneceriam fieis pra todo sempre.


Lucas Durigon


Esta  é uma obra de ficção. Iniciada em 07/08/22.

https://tapecariadepalavras.blogspot.com/2022/08/a-descida.html


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